Vem aí: o Doa.lab!

Fernando do Amaral Nogueira, diretor executivo da ABCR e professor da FGV-SP, integrante do Movimento por uma Cultura de Doação é a Voz dessa semana.

Imagem: VectorPortal

Acabamos de receber uma doação de 10 milhões de reais para criar o primeiro Laboratório de Inovação da Doação no Brasil! Sim, você leu certo. Dez milhões. Um gesto ousado de confiança no poder da inovação social para transformar nossa cultura de doação.

Estamos celebrando esse marco com alegria, responsabilidade e uma visão clara: fazer da doação um hábito, uma prática cotidiana, um motor de mudança coletiva no país. O Laboratório de Inovação na Doação–Doa.lab–nasce para experimentar, provocar, testar e escalar novas formas de incentivar e fortalecer a cultura de doação no Brasil. Sempre com base em evidências, colaboração e escuta ativa da sociedade.

Nossa missão:

Desenvolver e acelerar soluções inovadoras que tornem a doação uma parte essencial da vida das pessoas, das organizações e das políticas públicas no Brasil.

Algumas prioridades do nosso laboratório:

• Comportamento do doador: entender o que move (ou trava)a doação no Brasil.

• Tecnologia e acessibilidade: testar plataformas, meios de pagamento e experiências digitais que simplifiquem e incentive mas práticas de doação.

• Narrativas e comunicação: cocriar novas linguagens e símbolos que conectem emoção, pertencimento e impacto à cultura de doação. Para começar bem, pensamos nestes programas:

1. Ciclos de Experimentação Aberta: Um programa de inovação aberta que reúne OSCs, designers, pesquisadores e desenvolvedores para cocriar protótipos de campanhas, plataformas e experiências de doação. Os experimentos serão testados com dados reais e abertos para que todos possam aprender com eles.

2. Painel da Doação: Uma iniciativa de pesquisa contínua sobre o comportamento do doador brasileiro, com foco em dados e tendências. Sem competir com o que já é feito, claro! Vamos produzir conhecimento que ajude comunicadores, ativistas e organizações a se conectarem melhor com diferentes perfis de doadores.

3. Ecossistema Vivo: Uma rede de articulação entre filantropia, OSCs, empresas e governo. Queremos criar pontes para apoiar inovações sistêmicas. Isso inclui melhoria de incentivos fiscais, sistematização e abertura de bases de dados sobre doações e financiamento das OSCs e até políticas públicas que facilitem e ampliem a doação.

Quem vai fazer isso acontecer?

Inovação não é feita só de ideias: é feita de gente. Para compor o time do laboratório, estamos buscando talentos diversos, com formações e trajetórias complementares, dispostos a cocriar soluções em um ambiente experimental, orientado por impacto e aprendizado contínuo. 

Algumas especialidades e perfis que imaginamos como essenciais:

• Designers de serviço e experiência do usuário(UX):para desenhar jornadas de doação mais intuitivas, acessíveis e encantadoras.

• Pesquisadores sociais e comportamentais: com domínio de métodos qualitativos e quantitativos, capazes de interpretar dados, ouvir as pessoas e traduzir isso em estratégia.

• Profissionais de tecnologia e dados: com foco em desenvolvimento de protótipos, automação, análise e visualização de dados.

• Especialistas em comunicação e narrativa: para construir campanhas e narrativas que toquem o coração, mobilizem e inspirem.

• Articuladores de redes e inovação sistêmica: com habilidade de conectar setores, facilitar processos colaborativos e criar alianças improváveis.

• Pessoas com experiência prática no campo da doação: sejam da filantropia, das organizações da sociedade civil ou de movimentos comunitários. 

Mais do que diplomas, buscamos curiosidade, escuta ativa, espírito colaborativo e vontade real de transformar a forma como o Brasil doa. 

Se esse cenário parece ambicioso... é porque ele é.

Mas falta um detalhe um pouco chato: essa doação de 10 milhões de reais ainda não aconteceu. Não chegou. Ainda. Mas por que não sonhar como se já tivesse acontecido? E se mais gente se inspirar a criar algo parecido... como diz o meme recente, primeiro a gente começa, depois melhora!

Temos (quase) tudo para começar. Bora?