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O que leva uma pessoa a doar para uma causa do outro lado do oceano?


Foto: Rafa Neddermeyer (Agência Brasil)

Essa pergunta me acompanha desde que botei os pés na Europa justamente no dia em que emergiu a situação trágica das inundações no Rio Grande do Sul, Estado com o qual mantenho um forte vínculo afetivo-familiar de 30 anos e onde estivera a trabalho um mês antes das inundações.


Tenho a dimensão dos lugares e das pessoas afetadas que, somado ao que faço profissionalmente no campo socioambiental, dão o impulso de agir rápido na mitigação dos danos, porém desta vez estaria em uma posição mais de observadora em outro território.


O que eu vi? Compartilho brevemente.


Em Portugal, a identificação com a tragédia foi imediata e tema das conversas na semana que passei por lá. Pauta principal das TVs e jornais, para além das informações e debates sobre mudanças climáticas, como o país se organizava para doação rendeu matérias interessantes e um cuidadoso destaque para o recurso financeiro. No entanto, vi de forma acintosa o poder destrutivo das fake news, o que exigiu uma paciência didática para explicar a relação de confiança na doação e no ser humano em situações como esta.


No sentido oposto, na Grã-Bretanha, o assunto era inexistente, mesmo entre brasileiros. Foi uma prima que, pelo Facebook, conectou-me com o professor de dança circular Brant Babery, que vive em Findhorn (Escócia) e estava arrecadando fundos para o RS. Perguntei a ele o motivo, e sua resposta veio certeira:


“Queria entender como a nossa comunidade havia sido afetada e mostrar o apoio através dos nossos melhores meios para que pudéssemos ‘dançar’ juntos. Tivermos a ideia de fazer um encontro on-line para cuidar de todos. Estava no nosso coração e, também, que o dinheiro levantado ajudaria nas necessidades básicas.”

Quatro organizações foram beneficiadas, e devem continuar com o apoio.


Já com a minha família que vive na Espanha, troco com pessoas que atuam como agentes de ajuda humanitária e cujo tempo e o conhecimento técnico são seus principais ativos de doação e alicerçam a reconstrução de um estado. No discurso, trazem na fala a preocupação de como manter a chama do fluxo de recursos financeiros da sociedade na maratona a ser percorrida até a situação esteja minimamente solucionada.


Se o foco do Movimento de Cultura de Doação é por um Brasil + Doador, essa experiência do “olhar do outro” me deu um sentido de pertencimento que ultrapassa fronteiras. Sou afetado pelo que ocorre na medida em que eu conheço e “sinto” uma determinada situação de vulnerabilidade. Doar para mim torna-se o verbo de conexão de quem foi convidado para ser par e dançar generosamente aquela música no baile da vida. Talvez esta seja a beleza de estar deste lado da história estimulando novos dançarinos.



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