por Zeca Teodoro, cientista político, estuda o Terceiro Setor desde o século XX, membro do Movimento Por Uma Cultura de Doação
Sem nenhuma pretensão de balanço, mas sempre com a (re)perspectiva de copo meio cheio, meio vazio, chegamos a mais um período que antecede os tradicionais “Jingle Bells” e votos de Bom Ano.
Eu vou; tendo sempre em mente os versos de Caetano Veloso, na letra da música “Alegria, Alegria”, marco inicial do movimento Tropicalismo em 1967. Quem lê tanta notícia? Para rememorar ou guardar, algo mais que meia dúzia de posts.
O sol nas bancas de revista Me enche de alegria e preguiça Quem lê tanta notícia Eu vou
2024 trouxe um bocado de trabalho – muito profícuo e muito semeador - com inúmeras atividades cruzadas, integradas e interrelacionadas às diretrizes do MCD. Sementes deitadas à terra, que não nos faltem orvalho ou sombra para seguirmos na mesma colheita exitosa, no presente e a futuro.
Há quase um ano o Movimento por uma Cultura de Doação (MCD) passa a fazer parte do Conselho Nacional de Fomento e Cooperação (CONFOCO), sediado na Secretaria Geral da Presidência da República, tendo como objetivo facilitar as relações entre o Governo Federal e as Organizações da Sociedade Civil.[1]
O Monitor de Fundos Patrimoniais no Brasil, uma iniciativa do IDIS e da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos para o acompanhamento de endowments em atividade no Brasil, informa que já foram identificados pelo menos 117 fundos patrimoniais ativos, reunindo um patrimônio total informado que chega a R$ 157.275.750.793,00 (pouco mais de 157 bilhões de reais).[2]
879.326 Organizações da Sociedade Civil (OSCs); este é o novo número de organizações levantadas pelo Mapa das Organizações da Sociedade Civil (Mapa das OSC), representando um aumento de 7,8% de OSCs ativas, em relação às 815.677 organizações identificadas em 2021Com dados sobre o universo de CNPJs (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) ativos no país, disponibilizados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), a nova versão do Mapa também implementou aprimoramentos no código aplicado para classificar um CNPJ como OSC, preservando os principais critérios utilizados em versões anteriores da plataforma.[3]
O Brasil é o terceiro país em número absoluto de doações de órgãos, precedido no ranking apenas pelos Estados Unidos e pela China. Durante a pandemia de covid-19, houve uma queda expressiva nas doações, porém 2023 trouxe um aumento de 9,6% na quantidade de doadores em potencial e de pessoas que efetivamente doaram seus órgãos em relação a 2019. O ano de 2023 alcançou um patamar superior ao ano pré-pandemia de 2019, e a tendência para 2024 é de aumento.[4]
IDIS - Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e Instituto MOL lançaram o Compromisso 1%, movimento para estimular e fortalecer a filantropia corporativa de tal forma que promova a cultura de doação de recursos para causas sociais. O Compromisso é inspirado no Pledge 1%, uma iniciativa global que tem como objetivo mobilizar empresas e organizações a destinarem 1% do lucro líquido para ações sociais.[5]
Considerando-se apenas o segundo semestre de 2024, 22 empresas listadas na B3, bolsa de valores brasileira, registraram lucro líquido superior a 1 bilhão de reais. Somados, os 22 valores alcançam 83,6 bilhões. Sabemos que as práticas de doação no Brasil têm aumentado ligeiramente, e alguns como a inovação nos mecanismos e nas ferramentas de doação, além de percepção otimista da economia são ótimos vetores para tal.[6]
A propósito: em cálculo raso, 1% de lucro líquido, hipoteticamente doado por apenas 22 empresas, em valores equivalentes a apenas o lucro auferido no segundo trimestre de 2024, perfazem o montante de 830 milhões de reais.
Em dados de novembro 2024, o Monitor das Doações, gerido pela ABCR, registra os valores de R$ 690.740.721, doados até o momento por 173 doadores.[7]
Essas são algumas boas noticias. Feliz Ano (doador) Novo.
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