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Até quando falar sobre doação vai soar apelativo?


Foto: Freepik

Por Gabriela Souza, CEO da Repensar Consultoria e integrante do Movimento Por uma Cultura de Doação.


Publicado originalmente no Vozes do MCD




Aceitando o desafio proposto pelo Rodrigo Pipponzi, deixo minha contribuição sobre o assunto da semana.


Historicamente, a prática da filantropia nunca foi uma característica marcante dos brasileiros mais afortunados.


Uma pesquisa de 2017 feita pela YouGov, a pedido da Fundação de Auxílio de Caridade, mostra que o brasileiro que ganhava até R$ 10 mil ao ano doava proporcionalmente mais da renda (1,2%) do que aqueles com renda de até R$ 100 mil anuais (0,4%). Em proporção, os mais pobres chegam a doar até 3 vezes mais do que os mais ricos.


Em uma nação com um dos maiores índices de desigualdade social do planeta, fica fácil perceber que o que falta para a população é consciência social.


Depois de analisar a eliminação da Jade no programa, comecei a acreditar que o medo da crítica popular também pode influenciar a decisão dos mais ricos não doarem, afinal uma repercussão negativa respinga na imagem e nos negócios desses figurões.

Eliminada com 84,93% dos votos do público, a votação chegou a bater mais 3 milhões de votos por minuto ao longo do programa ao vivo, foram 698.199.078 votos, a 2° maior votação da história do BBB.


Nós brasileiros, temos vergonha de ter dinheiro e falar sobre doações, são atitudes moralmente não aceitas e soam oportunistas. Os americanos, não se envergonham em tornar pública as suas doações, veja o caso de Stephen Schwarzman, que fez uma doação de US$ 150 milhões para a conversão do velho Commons em um moderno centro de artes, e adivinhem o nome do centro? Schwarzman. Um dentre muitos casos.


A homenagem foi interpretada por muitos como “imortalidade através do dinheiro", mas eles cumpriram seu papel social, e não se abalaram por isso.


O discurso "apelativo" de caridade da Jade te incomodou?

Talvez você esteja respondendo aos seus vieses cognitivos inconscientes. Quando isso acontece, o pensamento se torna seletivo, e confirma as respectivas crenças e ignora ou desvaloriza qualquer ponto que as contradiga. Passamos embasar nossa opinião pelas nossas crenças, alimentamos assim nossos preconceitos.


Afinal, segundo a Pesquisa Doação Brasil 2020, realizada pelo IDIS, 69% dos entrevistados acreditam que quem doa não deve falar sobre doação.


A intenção importa muito para a doação ser considerada genuína e verdadeira, mas para isso acontecer precisamos aceitar falar abertamente sobre nossas doações, sem medo das críticas. 698.199.078 pessoas que votaram no BBB, tiveram como pauta de suas discussões o assunto doação, mas será que falaram sobre as doações que costumam fazer?


Por fim, que tal participar desse movimento, respondendo com outro post ou artigo a crítica feita pelo Rodrigo Pipponzi, exercite sua consciência social, popularize o tema doação.


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